sábado, 13 de agosto de 2011

TEXTO EXTRAÍDO - REFLEXÃO TEOLÓGICA

CORAÇÃO DE PASTOR E DE PASTORA

Em sua terceira viagem missionária, Paulo passou por Éfeso, permaneceu naquela cidade por quase três anos anunciando o evangelho, depois seguiu para outras cidades da Macedônia e Grécia, a fim de visitar as igrejas lá existentes. Na volta, passou novamente por Éfeso e convocou os anciãos da Igreja para dar-lhes algumas instruções, entre elas:“Olhai, pois por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (Atos 20:28). Nesse texto, Paulo se refere àqueles líderes da Igreja como Episkopos, que significa em sua origem grega “defensor”, “patrono”, e na hebraica Mebaqqer, “oficial e mestre na comunidade”. O uso do termo no Antigo Testamento refere-se a homens que assumiam um papel de superintendência sobre o povo (Jz. 9.2,8; Nm 31.14, Ne 11.9, 14.22). No Novo Testamento o termo foi utilizado por Pedro em relação a Cristo (I Ped. 2.25, 5.2) como Aquele que conhece nossas almas e segredos e cuida de nós de forma dedicada. Em I Timóteo o termo foi utilizado referindo-se aos líderes da Igreja, onde também apresenta alguns requisitos para o Episkopos, que, com base nesses textos acima podemos entender como que referindo-se ao Pastor.
Em nossos dias vivemos uma crise do ministério pastoral. Quem é o pastor? É o gestor administrativo da Igreja que se ocupa com dezenas de reuniões administrativas mensais e não possui mais tempo para olhar no olho da ovelha? É aquele que antes da conversão gerenciava empresas ou liderava grupos e logo após a conversão sentiu-se no direito de ser pastor porque levava jeito para liderar? Enfim, com base nas situações bíblicas acima descritas cabe-nos pensar hoje quem é o pastor?

E AQUELE QUE É CONSTITUÍDO PELO ESPÍRITO SANTO –
“Sobre quem o Espírito Santo vos constituiu bispos” (At. 20.28) –  Podemos afirmar que não é a Igreja ou o Seminário quem faz o pastor, mas a vocação pastoral é uma atribuição do Espírito Santo. Portanto, o fato de pessoas se auto-intitularem “pastor” não faz delas um pastor. O fato de serem experientes em gestão e administração de organizações não as capacita para o ministério pastoral, é preciso ser “constituído” pelo Espírito Santo de Deus, que chama e capacita o episkopos para sua tarefa e dá a esses vocacionados “O CORAÇÃO DE PASTOR”. No entanto, podemos afirmar, com base em Atos 15:23, que a Igreja também participa dessa tarefa, pois é ela quem estabelece o pastor e delega-lhe a autoridade para o pastoreamento.

E AQUELE QUE CUIDA DE SI PARA CUIDAR DO REBANHO 
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho” - Um verdadeiro pastor precisa primeiramente autopastorear-se, reconhecer que está sujeito a falhas e a erros e, por isso, vigiar, a fim de que possa cuidar do rebanho que o Senhor colocou em suas mãos. Ele deve fugir da auto-suficiência, e crer que somente Deus poderá sustentá-lo (Atos 20.32). Também deve desenvolver um pastorado integral, preocupando-se com seu rebanho em todos os seus aspectos e não pode esquecer que seu chamado e prioridade são para APASCENTAR O REBANHO.

É AQUELE QUE APASCENTA A IGREJA DO SENHOR JESUS
“para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” - É importante lembrar que, conforme Atos 20:28, a razão do ministério pastoral não está na figura do pastor, mas no rebanho que será pastoreado “para apascentardes a Igreja de Deus”. Ele é chamado a pastorear por causa da Igreja. A Ekklesia tou Theou “Igreja de Deus” é a razão do seu pastorado. Para isso, o pastor deve compreender que a Igreja não é um agrupamento comum de pessoas, em torno de objetivos sociais ou comerciais, mas é formada por aqueles que Jesus resgatou com seu próprio sangue, é a “assembléia” daqueles do qual Jesus é o pastor maior, conforme I Ped. 2:25. Esta assembléia não pode se tornar objeto de uma vontade ou especulações arbitrárias, mas deve ser vista como algo estabelecido pelo próprio Deus, e sobre a qual Ele coloca episkopos para o seu cuidado. A Igreja não surgiu da vontade de um grupo de pessoas no século I, mas é o povo histórico de Deus que caminha no mundo e na história, é o corpo de Cristo, a noiva, conforme o hino de Efésios 5:25-32.
           
CONCLUSÃO
Concluímos com uma palavra do próprio apóstolo Paulo a Timóteo “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”(I Tim. 3.1, lembrando-nos sempre que ser episkopoS não é simplesmente um cargo ou uma função, sim, uma vocação dada pelo Espírito Santo, que envolve o cuidado amoroso da Igreja de Deus, resgatada pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. O verdadeiro pastor, portanto, tem CORAÇÃO DE PASTOR.



 REFLEXÃO TEOLÓGICA

O Prof. Sidney Sanches possui 25 anos de experiência em ensino teológico em vários seminários e faculdades teológicas do país (Brasília, Belém/PA, MG, ES e PR). Fez o doutorado em Novo Testamento na FAJE - MG e o mestrado em Missiologia no CEM- MG. Nesta parte do site ele e a Profa. Regina disponibilizam textos, aulas, pequenas reflexões e informações sobre eventos teológicos. 
Fique à vontade para se servir de todo o material postado no site bastando apenas mencionar a fonte, ou seja: www.teologiaemissao.com.br.

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